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Brasília, DF, Brazil
Cláudia Falluh Balduino Ferreira é doutora em teoria literária e professora de literatura francesa e magrebina de expressão francesa na Universidade de Brasília. Sua pesquisa sobre a literatura árabe comunga com as fontes do sagrado, da arte, da história e da fenomenologia em busca do sentido e do conhecimento do humano.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Redesenhando a crise através da luz da espiritualidade e da poesia.




                                                     Cláudia Falluh Balduino. 
          
Nestes tempos de seca espiritual, em que a evocação do divino e de sua infinita gama de iluminações possíveis são constantemente refutadas pelo espírito moderno que tende a recuar diante do divinal em favor do rigor e das inegáveis (contudo novas)  evidências técnicas e materiais, é necessário fazer apelo à expressão verdadeira do indivíduo profundo, à personalidade franca e legítima, autêntica e, assim, espiritualizada, para dizer do sublime. Mas é preciso coragem.
São estas marcas que definirão o pesquisador em literatura e, no dizer de Jakobson, em outras ciências do homem: ele agirá e produzirá sem peias vindas dos espaços da crítica materialista ou atéia que se torna, hélas, símbolo de razão. Penso então no racionalismo profundamente cristão de Descartes, ou na lucidez do ceticismo místico de Al Ghazali, porque este é um espaço que abraça amorosa e admirativamente as culturas árabes. Tampouco está, este Homem/pesquisador, ligado a imposições sociais que segregam conforme o grau de envolvimento com o inexplicável eterno-etéreo, ao mesmo tempo cativante porque diviniza o humano, mas irritante, para outros, porque não  responde no exato momento egótico das mentalidades em carência de respostas. A resposta não é tudo, porque é incerta. Caminhar rumo às respostas é  quase tudo.

"Audiatur et tertia pars".

Esses espaços são - entre outros, e para seguir a modernidade -, os Blogs culturais - e este blog quer ser este espaço -,  e os grupos acadêmicos de pesquisa. E principalmente este Grupo de Estudos Literários Magrebinos Francófonos. Como sítio independente que somos, convidamos à troca de experiências sobre a revelação da espiritualidade nas obras literárias, sua intensidade nos escritos que atravessam os tempos, sua etérea conformação através dos elementos simbólicos e místicos, sagrados e espirituais que deram origem a textos que têm surpreendido com doses de existencialismo teológico, ortodoxias psicologicamente amplas, iconoclasmos poéticos fulcrais, refutando com a força da palavra, à moda filosófica (Evoé, Hegel!) o poderio ideológico e político de Estados em que o homem é reduzido aos números do sistema, da colônia, do regime, das autocracias empobrecedoras do religioso, este religioso que vive sob o véu do inconsciente mais convictamente ateu (Evoé! Jung!).
Mas é preciso que o outro seja ouvido. Este outro na forma dos intérpretes, dos estudiosos da literatura de inspiração espiritualista, de universalidade ecumênica, na busca dos óleos com os quais ungiremos os benefícios culturais da reflexão sobre os gêneros literários que nos interessam, e das águas de libação do pensamento profano ou sagrado. Acredito que quanto mais um símbolo é rude, mais é saboroso e sapiencial. Da rudeza  e da suavidade dos óleos e das águas em que o espiritual imerge, emerge a literatura.
Está aberto o tempo de literatura e espiritualidade no Blog Literatura Magrebina Francófona. Neste tempo contemplaremos expressões espirituais em literatura magrebina francófona, sem restrições outras que aquelas que nos levariam para fora da literatura. Sem anátemas, contudo, mas com profunda inclusão das luzes originárias do Christos Anesti, ou seja: liberdade e renovação.